Convidada do “Espelho”, na segunda, dia 21, às 21h30, no Canal Brasil, Drica Moraes abre o coração para o apresentador Lázaro Ramos ao falar sobre maternidade – ela é mãe de Matheus —, carreira, fama, e a cura da leucemia, doença que enfrentou em 2010, e pela qual precisou se submeter a um tratamento de medula óssea. A seguir, alguns trechos da conversa.
Matheus: Filho é sempre prioridade, criança tem um dia que vai embora, né? Bate aquela porta e vai embora ser o que quiser. É tão precioso, tão raro, tão bom. Depois que Matheus nasceu eu faço balanço o tempo todo de tempo e prioridade. Estou enfiada em coisas com ele, estou brincando tanto, tabuleiro, carta, história, livro, contando tanta historia que eles começam a ler, ler para eles é uma aventura tão maravilhosa…
Maternidade: Mudou tudo. Fiquei mais atenta, mais no presente, assim, muito mais no presente , extraindo, aproveitando muito, essa coisa de ser exemplo, né? Você tem que estar muito conectado pra não falar algo que você não é, falar da boca pra fora, ser você, porque você erra, ensina errado. Me deu mais uma concretude de ser verdadeira, ser inteira no momento.
Início da carreira: Eu tinha uma exibição, uma vontade de botar os bichos pra fora, uma coisa que o jovem precisa de extravasar, mostrar, expor, quebrar a cara, eu tive muito no meu começo, voltava com o pé preto do Tablado, sempre metida com cenário, figurino.
Eu fui acontecendo, fui fazendo peças, novelas, com 17 anos fiz “Top Model”. Eu escrevia as minhas cenas, mandava pro (Antonio) Calmon, autor da novela, deixava na portaria da Globo. Escrevia cartas para a minha personagem.
Sucesso: É quando você começa a reparar que não pode sair com a roupa furada, despenteada. Eu sempre fui muito hippie na maneira de ser, meio do mato, nunca fui explosiva. Agora o Matheus fala: ‘Mãe, para de falar com todo mundo na rua’. Eu sempre gostei muito de ônibus, metrô, circular pela cidade. Aí você começa a sentir que está sendo observado, mais do que observando.
Falar da leucemia: É página virada. Tem seis anos, é um marco, o tempo vai passando e você vai se distanciando daquilo e a vida vai renovando, o tempo vira um grande aliado, sabe? Você perde todos os medos de envelhecer, as vaidades com o tempo passando, e você ir se transformando. É tão bom sobreviver a uma coisa grave porque você ganha um bônus, sabe? Parece que você sai do outro lado com uma poupança garantida de como aproveitar a vida melhor.
Transplante de medula: Existe o Redome – Registro Nacional de Doadores de Médula Óssea, um centro de doação de medula óssea, é um trabalho lindo. Eu fui salva por uma pessoa do interior do Mato Grosso, eletricista, que virou meu amigo, meu irmão, Adilson, que se inscreveu no Redome no dia que tava fazendo um curso de jangada, passou um SUS no rio perto da casa dele e ele se inscreveu, um milagre da vida, muito legal o jeito que as coisas acontecem, com afeto e a permanência.
Otimismo: Ai, cara, muito louco. Quando você tá naquele túnel sem fim, não tem muita saída, ou você trabalha ou você sucumbe, é um negócio muito louco, uma experiência muito única e linda, quando você vê que está se curando de um monte de coisa que tem botar pra fora, que tem que mudar na sua vida, começa a fazer um trabalho amplo e sincero, vem muita alegria e muita esperança.
Solidão: A solidão assusta, mas é o lado salvador — é você com sua carcaça, seus músculos, seus órgãos, sua pele que vai tomar formas que você não controla e domina, e a gente tem muito medo desse contato.
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