Morre a última rainha do rádio, Ângela Maria.
Ângela Maria faleceu aos 89 anos, em São Paulo na noite de sábado (29) ela estava internada no hospital Sancta Maggiore, segundo informou seu marido, o empresario Daniel D’Angelo via Facebook.
“É com meu coração partido que eu comunico a vocês que a minha Abelim Maria da Cunha, e a nossa Angela Maria, partiu, foi morar com Jesus”, disse emocionado, ao lado de alexandre, um dos filhos adotivos do casal e de um outro rapaz.
A artista era expoente da Era do Rádio e considerada dona de uma das melhores vozes da MPB.
Intérprete de canções como “Babalu” (Margarita Lecuona), “Gente Humilde” (Garoto/Chico Buarque/Vinicius de Moraes), “Cinderela” (Adelino Moreira) e “Orgulho” (Waldir Rocha/Nelson Wederkind), serviu como fonte de inspiração para artistas como Elis Regina, Djavan, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Cesária Évora e Gal Costa, além de ter sido, comprovadamente pelo Ibope, por um longo período, a cantora mais popular do Brasil e conquistado a admiração de personalidades como Édith Piaf, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Amália Rodrigues e Louis Armstrong.
Trajetória:
Ângela Maria consagrou-se como uma das grandes intérpretes do gênero samba-canção (surgido na década de 1930), ao lado de Maysa, Nora Ney e Dolores Duran.
Gravou dezenas de sucessos como Não Tenho Você, Babalu, Cinderela, Moça Bonita, Vá, mas Volte, Garota Solitária, Falhaste coração, Canto paraguaio, A noite e a despedida, Gente humilde, Lábios de mel, etc.
Em 1994 foi Homenageada pela Escola de Samba Paulistana “Rosas de Ouro”, que com o Enredo “Sapoti”,foi consagrada Campeã do Carnaval de São Paulo nesse ano.
Em 1996, foi contratada pela gravadora Sony Music e lançou o CD Amigos, com a participação de vários artistas como Roberto Carlos, Gal Costa, Caetano Veloso, Alcione, Fafá de Belém entre outros. O trabalho foi um sucesso, celebrado num espetáculo no Metropolitan, atual Claro Hall (Rio de Janeiro), e um especial na Rede Globo. O disco vendeu mais de 500 mil cópias.
Foi uma fase muito feliz da carreira da cantora que, no ano seguinte, apresentou o álbum Pela Saudade que Me Invade, com sucessos de Dalva de Oliveira, e um ano depois gravou, com Agnaldo Timóteo, o CD Só Sucessos, também na lista dos cem álbuns nacionais mais vendidos. Após a saída da Sony, Angela voltou a gravar em 2003, desta vez pela Lua Discos, o Disco de Ouro, com um viés eclético, abrangendo compositores que vão de Djavan a Dolores Duran.
No ano de 1994 o cantor Ney Matogrosso gravou um disco, Estava escrito, em homenagem a Ângela Maria.
O álbum contém canções do repertório da cantora e que ficaram consagradas em sua voz.
Em 2011, após 45 anos do surgimento da série Depoimentos para a Posteridade do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, foi convidada em 23 de agosto para deixar registrada sua história. Na entrevista contou passagens importantes de sua carreira artística, afirmando ter gravado 114 discos e vendido cerca de 60 milhões de exemplares.
Nas eleições municipais de 2012, candidatou-se a vereadora da cidade de São Paulo pelo PTB, porém não se elegeu.
Em 2015, é lançada a sua biografia escrita pelo jornalista Rodrigo Faour, que contou com depoimentos preciosos da cantora.
Vida pessoal:
Em 1967, desesperada com sua vida, fugiu do Rio para São Paulo, e aí que passou a ser cada vez mais roubada, não dava sorte e sempre encontrava empresários golpistas, e até namorados ladrões, porém deu a volta por cima anos depois, mas ficou muito tempo vivendo em grande pobreza, ganhando muito pouco cantando em boates e tendo que complementar a renda fazendo faxina para sobreviver. Angela Maria revela que seu melhor amigo sempre foi Cauby Peixoto e que tem uma grande admiração por Dalva de Oliveira.
Em 1979, com 51 anos e vivendo sozinha, conheceu um homem que mudaria sua vida: Um rapaz de 18 anos mexeu com seu coração. Ele era noivo de uma moça da faixa etária dele, porém o garoto, chamado Daniel, gostou de Ângela, e já havia saído com mulheres mais velhas e gostava, e então abandonou a noiva e os dois passaram a ter um envolvimento amoroso intenso, o que chocou a todos, e o casal sofreu muito com preconceitos, e Ângela ficava muito triste com a imprensa. Daniel a ajudou quando ela quase perdeu tudo, ao sofrer um novo golpe de um assessor, dando forças a ela e arranjando trabalhos de cantora. Eles foram morar juntos com poucos meses de namoro, e essa união conjugal durou 33 anos, até que em 13 de maio de 2012, no dia do seu aniversário de 83 anos, e ele com 51 anos, Ângela e o companheiro se casaram oficialmente, no civil e na igreja.
Ângela passou por seis casamentos e deixa o marido Daniel D’Angelo e seus filhos: Ângela Cristina, Lis Ângela, Rosângela e Alexandre.
70 anos de carreira
A página oficial de Ângela Maria no Facebook informou que o velório e sepultamento serão realizados neste domingo (30) no Cemitério Congonhas, Vila Sofia em São Paulo.
Não foram informados á imprensa a causa da morte da artista.