Circuito Cinema

Pandora Filmes, Destaque no Festival de Berlim, ‘Deus é Mulher e seu Nome é Petúnia’ Estreia em 26 de Dezembro nos cinemas

Longa da Macedônia coloca em evidência o papel das mulheres nas sociedades religiosas e patriarcais

 

Desenvolvido a partir de uma história real, DEUS É MULHER E SEU NOME É PETÚNIA, da diretora Teona Strugar Mitevska, estreia em circuito comercial no Brasil em 26 de dezembro, com distribuição da Pandora Filmes. O filme fez sua estreia mundial na competição oficial do último Festival de Berlim, participou da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e será exibido no Festival do Rio, que começa em 9 de dezembro.

 

Todos os anos, em 19 de janeiro, há um ritual tradicional para comemorar o feriado da Epifania (batismo de Cristo) nas regiões Cristãs Ortodoxas do Leste Europeu. Uma cruz de madeira é arremessada no rio e quem for capaz de pegá-la, terá boa sorte e prosperidade garantidas para o ano. Em 2014, na cidade de Stip, Macedônia, uma mulher pegou essa cruz. O problema? Apenas homens poderiam participar do rito. Foi então que surgiu a concepção de DEUS É MULHER E SEU NOME É PETÚNIA.

 

“Tentaram tirar a cruz dela, mas ela não cedeu. No dia seguinte, deu uma entrevista à rádio local encorajando mais mulheres a mergulharem atrás da cruz nos anos seguintes. Ela foi rotulada pela população como uma mulher louca e problemática. Para mim e minha produtora Labina Mitevska essas reações expõem o reflexo natural de um conformismo social; elas também revelam a misoginia que é sustentada pelas normas patriarcais profundamente encrustadas em nossa sociedade. Isso foi frustrante e enlouquecedor. A história de Petúnia surgiu dessa frustração”, conta a diretora.

 

Na trama, Petúnia age como a mulher da história real de 2014: mergulha no rio e agarra a cruz. E logo que sai da água já é atacada pelos homens que não a reconhecem como a vencedora do ritual. Ela tem que enfrentar a revolta da cidade, as acusações da polícia por ter infringido uma regra e a igreja que exige a cruz de volta, afinal nunca na história uma mulher havia agarrado o objeto – nem ao menos tentado.

 

Teona explica que “Petúnia é um símbolo de modernidade, lutando contra não apenas uma, mas duas instituições: a Igreja e o Estado”, porém apesar de ser impotente diante de ambas, ela felizmente tem na educação uma tábua de salvação. “Eu não tenho a solução sobre como balancear tradição e modernidade e nem qual seria o espaço para a tradição no futuro, mas o que eu questiono é como a tradição pode ser modulada para tratar as mulheres de uma maneira mais igualitária?”.

 

Outra forte personagem feminina em DEUS É MULHER E SEU NOME É PETÚNIA é a jornalista Slavica, interpretada pela também produtora do filme Labina Mitevska. A diretora conta que antes de ser cineasta foi jornalista e que era chamada de bruxa, arrogante e puta. “Ainda atualmente é muito difícil ser uma mulher forte nos Balcãs, se você é, imediatamente é percebida como agressiva. Com a personagem da jornalista, minha ideia principal foi de solidariedade, irmandade entre as duas mulheres, Petúnia e ela”.

 

“Todas as sociedades patriarcais são construídas para dar suporte à dominação masculina, onde o local da mulher e seu status são decididos pelo homem. Então, sempre que uma história é sobre uma mulher ou gira em torno do chamado ‘segundo sexo’, é inevitavelmente uma obra feminista. Para mim, é difícil imaginar ser uma mulher e não ser feminista. O feminismo não é uma doença ou algo a temer. Igualdade, justiça e equidade para todos é o que rege essa ideologia”, finaliza.

 

SINOPSE

Em Stip, uma pequena cidade da Macedônia, sempre no mês de janeiro o padre local joga uma cruz de madeira no rio e centenas de homens mergulham atrás dela. Quem recuperar o objeto tem garantia de boa sorte e prosperidade. Desta vez, Petúnia mergulha na água por um capricho e consegue agarrar a cruz antes dos outros, deixando os concorrentes furiosos: ‘como ousa uma mulher participar do ritual’? Todo o inferno se abre, mas Petúnia mantém o seu chão. Ela ganhou a cruz e não vai desistir.

 

FICHA TÉCNICA

Direção: Teona Strugar Mitevska

Roteiro: Elma Tataragic e Teona Strugar Mitevska

Produção: Labina Mitevska (Sisters and Brother Mitevski)

Coprodução: Sebastien Delloye (Entre Chien et Loup), Danijel Hocevar (Vertigo), Zdenka Gold (Spiritus Movens), Marie Dubas (Deuxième Ligne Films), Elie Meirovitz (EZ Films)

Direção de Fotografia: Virginie Saint Martin

Montagem: Marie-Hélène Dozo

Elenco: Zorica Nusheva, Labina Mitevska, Simeon Moni Damevski, Suad Begovski, Stefan Vujisic, Violeta Shapkovska e Xhevdet Jashari

País: Macedônia, Bélgica, Eslovênia, França, Croácia

Ano: 2019

Duração: 100 min.

 

SOBRE A DIRETORA

Teona Strugar Mitevka nasceu em 1974 em uma família de artistas em Skopje, Macedônia. Ela começou como atriz infantil, foi pintora e design gráfica e depois estudou no programa de Mestrado em Cinema da Tisch School of Arts, de Universidade de Nova York.

Estreou como diretora com o curta “Veta” (Prêmio Especial do Júri no Festival de Berlim de 2002). “How I Killed A Saint” (Competição oficial do Festival de Roterdã 2004) é o primeiro longa-metragem de Teona com a produção de Sisters and Brothers Mitevski, uma empresa que ela fundou com seu irmão Vuk e sua irmã Labina.

Seu trabalho seguinte, “I am From Titov Veles”, recebeu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Sarajevo 2007 e foi selecionado para o Festival de Toronto 2007, Festival de Berlim 2008 e Festival de Cannes 2008.

O longa “The Woman Who Brushed Off Her Tears” estreou no Festival de Berlim 2012 e em 2013 Teona dirigiu e editou o filme “Teresa and I”, um documentário sobre a Madre Tereza de Calcutá, sua vida e seu trabalho sob a perspectiva de uma mulher nos dias de hoje.

O filme “When the Day Had No Name” estreou no Panorama Especial do Festival de Berlim 2017, enquanto “Deus é Mulher e Seu Nome é Petúnia” estreou no Festival de Berlim 2019 na competição oficial.

Teona Strugar Mitevska mora em Bruxelas, Bélgica, com seu filho Kaeliok.

 

 

SOBRE A PANDORA FILMES

A Pandora é uma distribuidora de filmes independentes que há 30 anos busca ampliar os horizontes da distribuição de filmes no Brasil revelando nomes outrora desconhecidos no país, como Krzysztof Kieślowski, Theo Angelopoulos e Wong Kar-Wai, e relançando clássicos memoráveis em cópias restauradas, de diretores como Federico Fellini, Ingmar Bergman e Billy Wilder. Sempre acompanhando as novas tendências do cinema mundial, os lançamentos recentes incluem: “The Square – A Arte da Discórdia”, de Ruben Östlund e “Parasita”, de Bong Joon-ho, ambos vencedores da Palma de Ouro do Festival de Cannes.

 

Paralelamente aos filmes internacionais, a Pandora atua com o cinema brasileiro, lançando obras de diretores renomados e também de novos talentos, como Gustavo Steinberg, Ruy Guerra, Edgard Navarro, Sérgio Bianchi, Roberto Moreira, Beto Brant, Fernando Meirelles, Gustavo Galvão, Helena Ignez, Tata Amaral, Anna Muylaert, Petra Costa e Gabriela Amaral Almeida. Entre os lançamentos mais recentes, destaca-se “Greta”, de Armando Praça.

 

Em 2019, a distribuidora criou o projeto Caixa de Pandora que visa programar filmes premiados, escolhidos através de uma cuidadosa curadoria para serem exibidos em salas comerciais da rede Cinépolis, em 20 cidades do Brasil.


Sanny Soares

Natural de Brasília, carioca de coração. Artista Plástica, desenhista, poetisa e fotógrafa. Começou cedo nas artes, fazendo caricaturas dos amigos ainda no Colegial, fez desenho livre no Oberg Cursos de Desenho e seus quadros seguem o realismo, tendo como mestres Edward Hopper, Gustave Caillebotte e Amadeo Modigliani. Em sua estante tem biografias como de Walt Disney, Victor Hugo e Tony Blair entre outros que fizeram história. Na fotografia desde 2005, fez revelação de fotos em laboratório, época da fotografia Analógica, se rendeu a era digital tendo fotos publicadas em sítios de fotógrafos como o site Olhares e o Fine Art, ambos tendo autores portugueses em sua maioria e participou de muitos Workshops desde então, sendo um deles ministrado pelo grande fotógrafo português Manuel Madeira. Como boa pisciana, arrisca algumas poesias, tendo algumas publicadas no site “Pensador”. Fez exposições de seus quadros em 2014. Se define como amante das artes e dispara que nada sabe, o aprender acontece todos os dias. Colaboradora de vários sites de mídias, com trabalhos publicados em muitos lugares de destaque.

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