Fábio Fabrício Fabretti

Você conhece MARDUK? Então venha!

Luiza Mendes, escritora, produtora e professora

Anselmo Vasconcelos e Nina de Pádua em cena

Foram realizadas duas apresentações especiais, nesse final de semana, do espetáculo “Marduk”, no espaço cultural e alternativo Canto da Carambola, em Santa Teresa.

A peça retrata um encontro poético e visceral entre dois grandes autores já falecidos: Hilda Hilst e Caio Fernando Abreu, que ganham vidas na pele de dois atores renomados: Nina de Pádua e Anselmo Vasconcellos. A montagem conta com texto de Fábio Fabrício Fabretti , trilha da musicista Raquel Terra, cenário de Derô Martins, produção de Andrea Menezes e assistência de Juliana Biazzo.

Andrea Menezes e Fábio Fabrício Fabretti

Inicialmente escrita com outro título pelo então um jovem escritor Fábio F.F., que sempre fora fã da literatura hildiana e de Caio F, depois de ter atuado como assistente do professor e escritor Italo Moricone, no livro de publicação póstuma das cartas de Caio Fernando Abreu, pela editora Aeroplano, em 2001, teve a oportunidade de conhecer a tão intrigante escritora Hilda Hilst em sua Casa do Sol, nos recôncavos de Campinas.

Agora, a peça, escrita há quase vinte anos, finalmente saiu de uma gaveta para entrar em cena e se tornar marco na vida desses grandes atores que comemoram juntos 50 anos de carreira, celebrando, como presente, a peça “Marduk”.

O desenrolar da trama nos leva a planos distintos, onde lembranças tanto de Caio como de Hilda se misturam a momentos ligados à realidade que ambos dividiram em suas trajetórias. Num resgate histórico, cartas de Caio tanto para amigos, quanto para Hilda, são lidas por ambos, assim como as raras cartas escritas por ela. A encenação cria e divide com a plateia seus momentos de intimidade, como o desabafo feito por Caio para um de seus grandes amigos, Gilberto Gawronski, proporcionando a oportunidade de o público conhecer e se identificar com suas dores e, principalmente, com seu temor pela doença e proximidade da morte.

Gilberto Gawronski

A peça nos coloca numa época em que Caio Fernando Abreu, depois de uma carta enviada à Hilda Hilst, finalmente a conhece e se torna um de seus grandes amigos. A partir daí, ambientada  inicialmente nos anos 70, toda a peça se desenvolve, inserida em um período de instabilidade política com a participação ativa de artistas nas questões sociais vigentes, assim como toda uma geração marcada pela crise de identidade, uso das drogas, liberdade sexual, entre outros temas que deixam o espetáculo o mais próximo possível de uma realidade com a qual convivemos até os dias de hoje repetidamente.

Conhecer o lado humano e sensível de cada um desses ícones da literatura nacional nos faz pensar na própria fragilidade humana, uma vez que é no palco onde vemos suas emoções, seus amores e desejos, assim como seus temores e medos, aproximando-nos de uma experiência única e inesquecível.

Perder este espetáculo é perder a oportunidade de ver, na sensibilidade de Caio e na irreverência de Hilda, além de seus extremos talentos literários, como foi possível tais personalidades tão opostas, mas tão semelhantes, fundirem-se em seus sonhos e pesadelos diante da realidade.

Anselmo Vasconcellos

Nina de Pádua.

Fotos:Cidade da Mídia, Sanny Soares

Sanny Soares

Natural de Brasília, carioca de coração. Artista Plástica, desenhista, poetisa e fotógrafa. Começou cedo nas artes, fazendo caricaturas dos amigos ainda no Colegial, fez desenho livre no Oberg Cursos de Desenho e seus quadros seguem o realismo, tendo como mestres Edward Hopper, Gustave Caillebotte e Amadeo Modigliani. Em sua estante tem biografias como de Walt Disney, Victor Hugo e Tony Blair entre outros que fizeram história. Na fotografia desde 2005, fez revelação de fotos em laboratório, época da fotografia Analógica, se rendeu a era digital tendo fotos publicadas em sítios de fotógrafos como o site Olhares e o Fine Art, ambos tendo autores portugueses em sua maioria e participou de muitos Workshops desde então, sendo um deles ministrado pelo grande fotógrafo português Manuel Madeira. Como boa pisciana, arrisca algumas poesias, tendo algumas publicadas no site “Pensador”. Fez exposições de seus quadros em 2014. Se define como amante das artes e dispara que nada sabe, o aprender acontece todos os dias. Colaboradora de vários sites de mídias, com trabalhos publicados em muitos lugares de destaque.

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